quinta-feira, 30 de abril de 2009

SOBRE O TRABALHO


Amigo, tome seu dia e divida em três porções idênticas:

8 para o trabalho;

8 para o lazer;

8 para o descanso.

Cinco esfinges à espreita da decifração ou do almoço;

Doze pendências hercúleas sob vigília dos intransigentes relógio e calendário.

Excluindo aí as demandas emergenciais, urgentes e aleatórias.

E você, no meio disso, dois braços, pernas, olhos, orelhas, mãos trêmulas.

Uma boca, um nariz e infinitos neurônios.

Findado o trabalho. Chega em casa e olha ao espelho, falta-lhe algo?

Se o sorriso ficou em alguma parte do dia, falta-lhe muito.

Como Sísifo, implacavelmente voltará oito casas no jogo, multiplicado pela teimosia e elevado à soma dos resmungos e lamentos vezes o tempo necessário até que aprenda a lição.

Porque ou você dobra seu tempo, ou ele dobra você. Sua pele, seus ossos, seu espírito.

8 horas por dia.

3 comentários:

  1. Grão, meu comentário será um texto bem antigo, que fiz inclusive para o seu zine na época:

    Quanto tempo nos resta?
    E desse tempo restante, quanto realmente é nosso? Para nossas coisas, nossa vida...
    Pouco, quase nada.
    Pouco tempo nos resta... e quase nenhum para nossa vida.

    Estou no escritório (de operador, trabalho na rua, braçal, agora fui promovido a auxiliar técnico, um clone tecnocrata, submetido a horários rígidos e vigilância ostensiva), meu chefe está sempre por perto, eu disfarço em frente ao computador, finjo analisar um esquema elétrico de telessinalização e escrevo essas linhas... coisas minhas, minha vida...

    Faça as contas e pasme: O dia tem 24h, dessas, pelo menos 8h você dedica ao trabalho; em média 4h leva o itinerário casa-trabalho-trabalho-casa; contando que um adulto normal leva em média meia-hora entre o ato de acordar e se preparar para o dia de trabalho (maldito sapato que aperta o meu pé) e mais meia-hora para se livrar da merda do trabalho (terno, sapatos e um merecido banho para livrá-lo de toda sorte de impurezas que um ambiente tão negativo e estressante pode proporcionar), soma-se então mais 1h, certo? Não se esqueça: + 1h de almoço! Você tem que dormir pelo menos 8h, não é isso o recomendado? Então já temos 22 horas!! Sobram portanto, 2h para sua vida, sua idiota, estúpida e insignificante vida! Isso se você NÃO estudar, NÃO fizer nenhum curso, NÃO tiver filhos, NÃO tiver qualquer tipo de compromisso que só possa ser resolvido nessas 2h (banco, dentista, médico, mercado, tarefas do lar, etc...)

    [obs. Tal cálculo foi conferido e ratificado pelo amigo André Cantú, assim como eu, prisioneiro de uma rotina e de um trabalho bem diferente de nossos anseios primais e expectativas de vida adulta feliz, completa e mentalmente sadia.]

    Isso é HUMANISMO?
    Tanta tecnologia pra isso?
    Isso é desenvolver-se humanamente?
    Isso é desenvolver suas aptidões e realizar seus desejos?

    Fica a pergunta – que certamente você fará no caminho que leva do seu quarto onde leu esse artigo, ao banheiro onde fica a lâmina de barbear que será seu instrumento de libertação – que não quer calar: E aí meu chapa, qual o sentido da vida?

    Agora com licença pois preciso voltar ao trabalho...

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  2. Ainda bem que nós estamos em outros trabalhos, diferentes da época em que você escreveu tal texto! Não é?

    Eu consegui reduzir minha jornada, não tenho o que reclamar quanto a isso, mas mesmo dentro das jornadas mais curtas ainda há problemas.

    Bem, o trabalho existe para dar cor e sentido ao final de semana, se existissem somente finais de semana, íamos exigir dois dias de trabalho brutal...

    E enquanto nosso plano "donos de casa" não vinga, vamo aí, na correria como dizem os trutas.

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