sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

E-BOOK: RESÍDUOS


"Resíduos" é o título do e-book disponibilizado para download gratuito pela escritora Simone Maia. O livro virtual traz textos escritos entre 2004 e 2010, e a maioria dos trechos foram retirados do livro (esse impresso mesmo) "A Última Estação", lançado de forma independente pela autora em 2004.

Para baixar "Resíduos", clique aqui.

E para conhecer um pouco mais da autora, leia a entrevista logo abaixo:

ZINISMO: Fale um pouco sobre você, idade, onde mora, quando começou a escrever, etc...
SIMONE: Tenho 38 anos, 32 dentes e sou de Santo André, ABC Paulista. Tirando uma breve temporada infernal no interior do Estado, sempre morei em Santo André. Hoje vivo na Vila Linda, que de linda não tem nada. Escrevo desde a pré-adolescência, quando ainda tinha coordenação motora para criar histórias em quadrinhos, já com maior atenção para os roteiros do que para os desenhos. Atualmente trabalho com revisão e tradução de textos na condição de freelancer.

ZINISMO: Qual o maior desafio para um jovem escritor?
SIMONE: O maior desafio para um jovem escritor é se livrar da falsa promessa da possibilidade de - sem abrir mão de suas convicções e propósitos - penetrar no mundo corporativista e de compadrio de editoras que, de saída, se recusam a ler algo novo de alguém totalmente desvinculado de seu círculo de amizades e relações de interesse; é entender que grandes editoras não têm interesse em investir em algo pouco rentável. O que rende muito são livros de autoajuda, romances espíritas, sermões de padres populistas ou livros de escândalos pré-fabricados envolvendo celebridades conhecidas do grande público especulador. Se você escreve algo totalmente diferente do que a maioria da mirrada população brasileira consumidora de livros quer ler, é inevitável que se contente com a falta de incentivo, publicação, divulgação e distribuição de tua obra.

Ignorar essa máfia, passar por cima da política meramente corporativista dessas editoras e conseguir levar seus textos adiante é, de longe, o maior desafio para qualquer escritor anônimo que estará, desde (ou quase) sempre, condenado, no mínimo, ao semi-anonimato, ainda que banque e distribua seus próprios livros ou aposte nos e-books e nos raros "milagres" da blogosfera.


No fim das contas, o grande barato de escrever é escrever. Se muitos lerem, ótimo. Se não, aprenda a curtir o barato sozinho ou na companhia de poucos. O prazer ainda será o mesmo.


ZINISMO: O seu livro impresso, "A Última Estação", foi lançado de forma independente? E como foi o resultado da empreitada? Fale um pouco sobre a experiência...
SIMONE: "A Última Estação" foi uma reunião de 17 contos que selecionei para compor um livro no estilo pocket, em formatinho mesmo, com poucas páginas e baixo custo. Paguei a arte da capa com foto de minha autoria e design gráfico de Fábio A., de SCS, e também banquei os custos de gráfica e impressão, além de distribuí-lo de acordo com os (poucos) meios de que dispunha. A tiragem foi de apenas 200 exemplares e o retorno, em termos financeiros, foi zero. Porém, consegui "despachar" todos os exemplares a um preço acessível e provoquei reações diversas (e por que não dizer, mais adversas do que outra coisa...).

Editoras de fundo de quintal ofereceram a "irresistível" proposta de imprimirem seu logo na contracapa do meu livro, contanto que eu me virasse com as despesas gráficas, divulgação e distribuição. Logicamente, agradeci a proposta e não caí nessa "tentação".

O Secretário de Cultura de Santo André também se mostrou muito "generoso" adquirindo 3 exemplares e me oferecendo o espaço cultural "Casa da Palavra" para um lançamento com direito a coxinhas murchas e vinho barato pagos pelo departamento. Novamente, agradeci a tentadora proposta, mas me neguei a tal exposição gratuita e hipócrita (era ano de eleição).


Registrei o rebento na Biblioteca Nacional, cumpri com minha civilidade disponibilizando uma cópia para a Biblioteca Municipal, enviei para pequenas, médias e grandes editoras e, claro, não consegui nada. O que não impediu que o livro caísse na mão de alguns desavisados sedentos por literatura marginal.


Foi uma produção totalmente independente e despretensiosa que permaneceu onde sempre esteve: no anonimato. Com a ressalva, claro, de ter sido "resenhada" no fabuloso jornal de minha cidade, o Diário do Grande ABC e de ter merecido umas notinhas aqui e ali na web. Enfim, nada de extraordinário. Sequer repus o dinheiro investido. Lucro? Nenhum, a não ser, claro, a satisfação de ter gerado uma espécie de "filho-monstro" que, apesar dos pesares, acabou parecendo "gracioso" para alguns... O que, cá entre nós, é elogioso para qualquer "mãe", né não?


...

8 comentários:

  1. Postamos quase simultaneamete! Retirei meu post por algumas horas em respeito à sua vitória por uma questão de minutos!

    Você venceu essa batalha. "Quanto à guerra, vamos ver...

    Agora vou ler seu post!

    Apressadinho! hunf!

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  2. Já virei fã da Simone Maia! E ví a capa do A ùltima Estação no Google, a foto da Simone e o design do Fábio Ajax Free são geniais!

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  3. Aeeee. Justo merecimento para uma pessoa que escrev MUITO. Sou fã de carteirinha :)

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  4. Eu vi, Ideia, postamos quase simultaneamente mesmo. Bom, dependendo da data do Ugra Zine Fest, poderia subir no domingo. It's up to you, my friend!

    ps. Mano, vi as imagens da rua do porto alagada. Surreal. Mostrou direitinho (como diria minha vó) o restaurante em que fomos, debaixo d'agua. SURREAL. E triste, claro. Força Piracicaba, viva Piracicaba!

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  5. Gostei da entrevista, vou baixar.
    Achei bem realista a visão que a escritora tem sobre os "bastidores editoriais", que de certo modo se aplica aos "bastidores artisticos", ou musicais... triste, mas real.

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  6. Em outras palavras, Grão:
    A indústria cultural de massa está muito mais interessada no dinheiro do que na parte que define a nomenclatura "cultural" de seus produtos! Vide Paul Rabbit, Justin Bieber e Restart!

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  7. Ah Viegas, o negócio foi punk mesmo! Só na Rua do Porto uma previsão de R$ 2.000.000,00 de prejuizo (desde a perda do estoque dos restaurantes e lojas de artesanato, até claro a impossibilidade de pescar no presente momento). Mas dá pra gente sobreviver! Basta ter um bom snorkel, uma máscara, alguma noção de mergulho livre e natação ou um tanque de oxigênio caso lhe falte prática com mergulho e natação! Eu estou aproveitando pra desenvolver uma teoria evolucionária baseada em Darwin, porque com certeza a personagem do Kevin Costner em Waterworld (aquele half humano com guerras) deve nascer aqui!

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Andarilhos do Underground: ZINAI-VOS!!!